segunda-feira, 9 de novembro de 2009

BITS | PARADIGMAS INSUSTENTÁVEIS

Raras foram as vezes que sofri de insônia em toda minha vida, já é o segundo dia e isso tem me incomodado muito.

Levanto. Tomo um copo d’água, deito. Não paro de me mexer, torcer, retorcer... Não havia posição que ficasse bom ou que deixasse confortável. Será o calor, falta algo, alguém? Talvez. Levanto novamente e apanho algumas folhas A3, lapiseira na mão, começo a desenhar. A hora passa e nada do sono chegar - só folhas amassadas.

Sinto um "vazio" constante, milhares de coisas para serem resolvidas, mas, como resolvê-las, se tudo requer tempo e experiência??? Penso que o melhor é ser paciente e perseverante naquilo que acredito, independente de qualquer coisa – tenho engolido vários sapos, pererecas, girinos cobrar e talvez todo o reino dos anfíbios para conseguir o que tanto venho almejando. Acredito eu estar indo pelo caminho certo!

Ligo o computador. Vou a procura de algo na internet para amenizar o que tem me tirado o sono e que me conforte, (pelo menos esta noite) lembrei-me de um ótimo programa, o Café Filosófico, exibido pela TV Cultura transmitido direto do espaço CPFL Cultura e me deparo com um vídeo muito interessante onde o título era "O Humano Descartável. O vídeo é sobre as relações humanas e a comunicação digital, onde o entrevistado, o jornalista Eugênio Bucci começa o debate apresentando seu texto que fora publicado num artigo em 1997 a 12 anos atrás na revista Veja.


Compartilho abaixo o texto "O bicho virtual é você", que me fez pensar muito na situação da qual tenho sentido na pele nos últimos tempos e que tem sido cada vez mais aceito a medida que achamos que os MSN's, Orkut's, Twitter's, Facebook's dentre outros podem incurtar a distância entre um 0 e um 1 – mais conhecido como código binário, utilizada na linguagem dos computadores.

Até onde o Status "disponível", "aceito", "add", "online" e etc é verossímil? Ou tudo não passa de uma coletânea onde no final todos se resumem numa simples ação. Excluir.



O Bicho virtual é você

Atrás das telas do Tamagotchi talvez exista
um sistema frio em que irreal é o homem.

Todo mundo tem (ou conhece alguém que tem) um Tamagotchi. O animal de estimação eletrônico virou mania. Habitante de um miniaparelho, misto de chaveiro e computador, o bicho é na verdade um ser inexistente. Só o que se tem dele são sinais: de fome, sono, carência afetiva. Apertando botõezinhos, é possível saciar-lhe as necessidades e os desejos. Na tela minúscula, surge então um sorriso, indicando que o mascote está feliz. O dono, sempre uma criança (de qualquer idade), sente-se grandioso, provedor de carinho e cuidado. Pensa que cuida do bicho -- mas é o bicho quem cuida dele (e de suas ansiedades).

O novo brinquedo é a síntese da nossa era, que é mediada e ordenada por telas luminosas. Não apenas a microtela do bichinho, mas a tela do computador, do painel eletrônico do automóvel, das linhas verdes de monitoramento cardíaco. Tudo se organiza como um complexo indivisível, um Tamagotchi planetário. O caixa eletrônico avisa que a conta está no vermelho; é preciso um depósito para que ela fique contente. A televisão não pára de insistir: é Dia dos Pais, ai de quem se esquecer do presente. A tela do telefone celular dá conta de que a pilha está fraca. No monitor do micro, pisca a mensagem não lida.

Do outro lado das telas que comandam o dia-a-dia de qualquer um, outros milhões de uns quaisquer. Um parente, um burocrata, um chefe, um amigo, um cliente, um desconhecido... a(s) namorada(s). Todos virtualizados. Além das contas a pagar e dos recados inúteis, também as demandas emocionais navegam pela teia eletrônica. E a isso se reduz o relacionamento humano: a uma troca de estímulos digitalizados e respostas idem.

Então a tela é somente isso, um suporte vazio para a comunicação digitalizada? A resposta é não: a tela não é tão neutra assim. Há uma lógica à parte dentro dela. Mais ou menos como havia uma ordem invertida no espelho que foi atravessado pela Alice de Lewis Carroll no século XIX. O espelho não era neutro: virava uma "brilhante névoa prateada" e mostrava muito mais do que reflexos. Um século depois, em filmes como Tron, de 1982, A Rosa Púrpura do Cairo (1985) ou O Último Grande Herói (1993), os personagens cruzam a tela para viver realidades simultâneas -- e mais perigosas que o sonho de Alice. Hoje, quem ousasse transpor uma das telas do Tamagotchi globalitário talvez caísse numa paisagem ainda mais assustadora: um sistema frio, em expansão vertiginosa, para o qual as multidões "reais" são uma contingência periférica e não muito relevante. Como insetos em volta da lâmpada. Para esse sistema, virtual é o homem.*

* O bicho virtual é você - Eugênio Bucci - Revista Veja - 13 Agosto de 1997.

Abs,
GregOne

2 comentários:

Heba disse...

Mano acho que e só comigo ou sei la.So que ler os seus testos e bem dificil.Uma fez que seu blog tem um formato de fundo escuro e as letras aparecem pequenas e de dificil leitura.Eu tenho dificuldades en enchegar de perto mas mesmo assim se tiver alguma forma de vc colocar letras maiores e mais visiveis fica aqui minha dica.

HERBERT SILVA disse...

Agora sim consegui ler e meio que entender tambem rsrsrssss.
Eu mesmo ja percebi como e loca a relação que temos com as maquinas cada vez mais invadindo nossas vidas. Tenho 70 pessoas relacionadas na minha lista de amigos do orkut e falo com menos de 10 com frequencia.Por outro lado e bom podemos se aproximar de pessoas que as vezes vemos todos os dias mas não nos falamos.Podemso falar coisa que sempre penssamos e numca tivemos coragem de dizer de forma mais elaborada que certamente não conseguiriamos falar ao vivo sem gerar algum debate ou desconforto.E complicado da mesma forma que aproxima tambem distancia.E dificl de conciliar os dois mundo.Ja que e assim que eu considero pois as maioria das vezes somos uma pessoa no mundo virtual e outra no mundo real.Gosto da tecnologia e do conforto que ela traz mas não podemos deixar de sair de casa de ver e de ter contato com o ser humano.Ler um livro na sua forma física ir ao teatro ou ao cinema, tomar uma no bar e ouviar historias dos mais velhos " esse e meu caso rsrsrrsrs"
Enfim acho que e isso né ?